A FRASE
“Os americanos e os europeus (…) compreenderam que se os chineses vêm de tão longe para trabalhar na África, emprestar-lhe dinheiro, comprar e vender mercadorias, eles encontram um interesse que eles mesmos tinham subestimado. Como é evidente, este continente ‘vale’ alguma coisa. E depois dos chineses terem vindo para África, a Índia e o Brasil procuram fazer o mesmo, os EUA preocupam-se por estar cada vez mais presentes, como a Alemanha e a EU”
Béchir Bem Yahmed, fundador do grupo “Jeune afrique”, na “La Revue”, nov/dez 2007-12-26
O Estado e a sociedade civil
Portugal nunca teve o Rei Sol, mas Sócrates está a ver se consegue ser o “primeiro-ministro micro-ondas”, tão quente é na defesa do conceito do “Estado sou eu”! O discurso de Natal foi a mais desvanecedora massagem ao próprio umbigo que me lembro ouvir. Até não se poupou dizer que quase não dormia por causa dos desempregados e que o défice estava controlado. Como? Por o Estado ter apertado o cinto? Não. Porque os impostos garantiram mais impostos. Apetece sempre citar Eça de Queiroz: “Temos um défice de 5000 contos. Esta é a negra, a terrível, a assustadora verdade. Quem o promoveu? Quem o criou? De que desperdícios incalculáveis se formou? Como cresceu? Quem o alarga? É o governo? Foram os homens que combatem, foram aqueles que defendem, foram aqueles que estão mudos? Não. Não foi ninguém”. Isto escreveu Eça em 1867. Estamos em 2007. O que mudou? É o contribuinte que paga o desaforo.
Um exemplo
O SNS é um buraco negro. Para pagar as dívidas, pede dinheiro ao Estado. Para pagar ao Estado, no fim do ano, pede à banca. No início do ano paga à banca, com juros. Para voltar a ter dinheiro, volta a pedir ao Estado. E vai alargando o buraco. Não sou eu que diz. É o Tribunal de Contas? Será que é isso que preocupa Sócrates no Natal?
A GRALHA DA GAFFE
O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, deu uma entrevista ao jornal do PS, o “Acção Socialista”. É normal. Segundo parece o ministro referiu que o problema da criminalidade da noite do Porto não é “real”. O alvoroço estalou e os profissionais da má-língua dispararam sobre o ministro que fez um tirocínio breve pelo Tribunal Constitucional antes de ceder ao canto da sereia do Governo. Mas era uma maldade! Não é que, esclarece o ministro, não foi isso que ele disse ao órgão oficial do PS: foi uma gralha. O que o ministro Pereira terá dito é que o problema não é “geral”, esclareceu o próprio. Não se compreende: segundo o ministro Pereira a culpa de tudo é da “mediatização”, dos jornais e televisões, portanto. Mas será que há uma quinta coluna no órgão oficial do PS, que é o partido do Governo? Nem em casa o ministro Pereira escapa às maléficas actividades dos “media”…
Pássaros no Campo das Cebolas
Há dias dei por mim a andar junto do Campo das Cebolas. Ouvi o chilrear e olhei para as palmeiras que resistem ao betão e às obras do “seguríssimo” Metro do Terreiro do Paço. Milhares de pássaros conviviam uns com os outros, criando momentos únicos de prazer na cidade do “stress” e do ruído. Ainda há coisas bonitas em Lisboa. Que nos fazem acreditar nesta cidade.
“Os americanos e os europeus (…) compreenderam que se os chineses vêm de tão longe para trabalhar na África, emprestar-lhe dinheiro, comprar e vender mercadorias, eles encontram um interesse que eles mesmos tinham subestimado. Como é evidente, este continente ‘vale’ alguma coisa. E depois dos chineses terem vindo para África, a Índia e o Brasil procuram fazer o mesmo, os EUA preocupam-se por estar cada vez mais presentes, como a Alemanha e a EU”
Béchir Bem Yahmed, fundador do grupo “Jeune afrique”, na “La Revue”, nov/dez 2007-12-26
O Estado e a sociedade civil
Portugal nunca teve o Rei Sol, mas Sócrates está a ver se consegue ser o “primeiro-ministro micro-ondas”, tão quente é na defesa do conceito do “Estado sou eu”! O discurso de Natal foi a mais desvanecedora massagem ao próprio umbigo que me lembro ouvir. Até não se poupou dizer que quase não dormia por causa dos desempregados e que o défice estava controlado. Como? Por o Estado ter apertado o cinto? Não. Porque os impostos garantiram mais impostos. Apetece sempre citar Eça de Queiroz: “Temos um défice de 5000 contos. Esta é a negra, a terrível, a assustadora verdade. Quem o promoveu? Quem o criou? De que desperdícios incalculáveis se formou? Como cresceu? Quem o alarga? É o governo? Foram os homens que combatem, foram aqueles que defendem, foram aqueles que estão mudos? Não. Não foi ninguém”. Isto escreveu Eça em 1867. Estamos em 2007. O que mudou? É o contribuinte que paga o desaforo.
Um exemplo
O SNS é um buraco negro. Para pagar as dívidas, pede dinheiro ao Estado. Para pagar ao Estado, no fim do ano, pede à banca. No início do ano paga à banca, com juros. Para voltar a ter dinheiro, volta a pedir ao Estado. E vai alargando o buraco. Não sou eu que diz. É o Tribunal de Contas? Será que é isso que preocupa Sócrates no Natal?
A GRALHA DA GAFFE
O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, deu uma entrevista ao jornal do PS, o “Acção Socialista”. É normal. Segundo parece o ministro referiu que o problema da criminalidade da noite do Porto não é “real”. O alvoroço estalou e os profissionais da má-língua dispararam sobre o ministro que fez um tirocínio breve pelo Tribunal Constitucional antes de ceder ao canto da sereia do Governo. Mas era uma maldade! Não é que, esclarece o ministro, não foi isso que ele disse ao órgão oficial do PS: foi uma gralha. O que o ministro Pereira terá dito é que o problema não é “geral”, esclareceu o próprio. Não se compreende: segundo o ministro Pereira a culpa de tudo é da “mediatização”, dos jornais e televisões, portanto. Mas será que há uma quinta coluna no órgão oficial do PS, que é o partido do Governo? Nem em casa o ministro Pereira escapa às maléficas actividades dos “media”…
Pássaros no Campo das Cebolas
Há dias dei por mim a andar junto do Campo das Cebolas. Ouvi o chilrear e olhei para as palmeiras que resistem ao betão e às obras do “seguríssimo” Metro do Terreiro do Paço. Milhares de pássaros conviviam uns com os outros, criando momentos únicos de prazer na cidade do “stress” e do ruído. Ainda há coisas bonitas em Lisboa. Que nos fazem acreditar nesta cidade.
Chineses sem Chinatown
Descobri, ao pé de mim, uma nova loja chinesa. Não é de produtos desconhecidos. É de legumes e frutas. Frescos. E extremamente baratos. São adquiridos no mesmo local onde os outros comerciantes compram mas os preços rondam entre a metade e os 2/3 do que custam noutras mercearias ou supermercados. Está sempre cheio. Temo que a ASAE passe por lá.
Millennium sempre!
Não, não tem nada a ver com a crise da maior instituição financeira privada portuguesa. A crise, aqui, é outra: tem a ver com a da sociedade. “Millennium” foi uma série de Chris Carter, que devia algo a “Profiler”, sobre um agente reformado do FBI, Frank Black, que tem o dom de “ver” o que pensam os “serial killers” com que tem de se deparar. A primeira temporada saiu agora em DVD no nosso país. E é um prazer.
Não, não tem nada a ver com a crise da maior instituição financeira privada portuguesa. A crise, aqui, é outra: tem a ver com a da sociedade. “Millennium” foi uma série de Chris Carter, que devia algo a “Profiler”, sobre um agente reformado do FBI, Frank Black, que tem o dom de “ver” o que pensam os “serial killers” com que tem de se deparar. A primeira temporada saiu agora em DVD no nosso país. E é um prazer.
VINHOS SENSATOS
Há vinhos que merecem ficar num trono: os Portos por exemplo. Que dizer do Late Bottled Vintage 2001 da Graham’s? Um néctar de tal maneira agradável e de uma leveza única que é impossível ficar indiferente a ele. Na noite de Natal todos o elogiaram.
E há o Quinta da Ervamoira Vintage 2005. Outro grande vinho do Douro para adoçar longas noites de conversa. Elegante e cuja cor faz-nos lembra o outro lado do mundo: o secreto, o Nero, o qu não se vê. Só se sente.
Há vinhos que merecem ficar num trono: os Portos por exemplo. Que dizer do Late Bottled Vintage 2001 da Graham’s? Um néctar de tal maneira agradável e de uma leveza única que é impossível ficar indiferente a ele. Na noite de Natal todos o elogiaram.
E há o Quinta da Ervamoira Vintage 2005. Outro grande vinho do Douro para adoçar longas noites de conversa. Elegante e cuja cor faz-nos lembra o outro lado do mundo: o secreto, o Nero, o qu não se vê. Só se sente.
Há culpados?
“A Culpa dos McCann” (ed. Guerra & Paz) é uma bem estruturada obra de Manuel Catarino sobre o caso Maddie, onde há ainda muito mais dúvidas do que certezas. Logo no início explica-se o mistério entre da intriga: “Se o desaparecimento de Maddie fosse a trama de um romance de Agatha Christie, Hercule Poirot teria reunido o casal McCann e os sete amigos britânicos à beira da piscina do Ocean Club - e, de raciocínio em raciocínio, em menos de um fósforo, resolvia o mistério”. Não foi assim. E, lendo-se este livro, percebe-se porquê.
O Anúncio
No “Financial Times” de 21 de Dezembro lá está o anúncio: a Sonangol convida companhias para novas concessões de petróleo em Angola. Para diversos blocos, do “onshore” de Cabinda ao Kwanza “onshore”. As propostas serão abertas a 14 de Março de 2008. Pormenor que não é curioso, mas de sublinhar: as propostas devem ser apresentadas em português ou, se forem feitas noutra língua, devem ter uma versão oficial em português. Entre as 43 operadoras pré-qualificadas lá está a GALP. Com muitos pesos-pesados à volta.
A crónica
Tornei-me um fã das crónicas de Bárbara Reis no “Público”. São incisivas e refrescantes. Sinto que merecia escrever mais do que a sua solitária crónica semanal.
“A Culpa dos McCann” (ed. Guerra & Paz) é uma bem estruturada obra de Manuel Catarino sobre o caso Maddie, onde há ainda muito mais dúvidas do que certezas. Logo no início explica-se o mistério entre da intriga: “Se o desaparecimento de Maddie fosse a trama de um romance de Agatha Christie, Hercule Poirot teria reunido o casal McCann e os sete amigos britânicos à beira da piscina do Ocean Club - e, de raciocínio em raciocínio, em menos de um fósforo, resolvia o mistério”. Não foi assim. E, lendo-se este livro, percebe-se porquê.
O Anúncio
No “Financial Times” de 21 de Dezembro lá está o anúncio: a Sonangol convida companhias para novas concessões de petróleo em Angola. Para diversos blocos, do “onshore” de Cabinda ao Kwanza “onshore”. As propostas serão abertas a 14 de Março de 2008. Pormenor que não é curioso, mas de sublinhar: as propostas devem ser apresentadas em português ou, se forem feitas noutra língua, devem ter uma versão oficial em português. Entre as 43 operadoras pré-qualificadas lá está a GALP. Com muitos pesos-pesados à volta.
A crónica
Tornei-me um fã das crónicas de Bárbara Reis no “Público”. São incisivas e refrescantes. Sinto que merecia escrever mais do que a sua solitária crónica semanal.