13.8.07

Tony Wilson, um adeus triste

Foram os Joy Division, os New Order ou a Dutti Column que me influenciaram definitivamente em termos de música. Manchester parecia-me o Barreiro onde vivia e o que poderia um dia ser: um local com história, a que se acrescentavam novos valores. As capas (aquelas velhas capas de discos devinil) de Peter Saville eram de uma beleza única: entre o construtivismo soviético e o futurismo italiano. Mas muito modernas. E havia, claro, Tony Wilson, o maestro da Factory Records, uma das mais radicais editoras de discos de sempre. Tony morreu, agora, triste. Deu tudo à cultura britânica e, em troca, o Serviço Nacional de Saúde, recusou-lhe o dinheiro necessário para tratar da terrível doença de que padecia. Hoje os valores económicos e financeiros vencem tudo o resto. Mas resta o legado do antigo apresentador da Granada Television (e dos seus anos de ouro). Conforme recordou Paul Morley no "Guardian", ele queria cria uma ponte entre a Manchester que Engels visitou no século XIX e a visita, em 1976, dos Sex Pistols. A Factory Records e a discoteca Hacienda era esse elo de ligação, entre o passado industrial radical e o futuro musical que queria mudar tudo. Não cumpriu a sua missão. Mas, durante muitos anos, eu e alguns outros, no Barreiro, julgámos que isso seria possível. Do outro lado do Tejo.

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