25.2.07
A lucidez de John Gray
John Gray é um dos mais lúcidos observadores da actualidade. O professor da LSE, de que a Lua de Papel acaba de editar em Portugal "Sobre Humanos e Outros Animais" (uma análise profunda sobre as fronteiras que aparentemente nos separam de quem não tem e não tem necessidade de fingir que tem códigos sociais), escreveu num dos últimos números da "Spectator" um incontornável artigo sobre a nossa civilização e o Islão. Gray desmistifica a questão dos bombistas suicidas: foi algo já usado há muitos anos pelos tigres tamil, pelos hundus marxistas-leninistas ou pelo Hezbollah nos anos 80 contra alvos argelinos, franceses e americanos. Recorda que o IRA causou mais vítimas inocentes na Grã-Bretanha do que os islamitas. E recentra a questão: o que é que a classe política quer das sociedades muçulmanas? Para ele a ideia que a tolerância leva a uma convergência de valores é uma ficção. E acrescenta: "a sociedade radical plural em que nos encontramos não é transitória rumo a um ponto situado algures no futuro, onde teremos os mesmos valores fundamentais". Vivemos num universo de certezas fast forward. Rápido demais para termos certezas. Como há tanta gente que por aí parece ter.
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