13.1.07

Uma centena de portugueses

Os portugueses gostam do Guiness Book de records. Adoram ter a maior árvore de Natal do mundo. Os maiores torresmos da Península Ibérica. E mesmo o melhor treinador de futebol do universo. Compreende-se. Temos de fazer um fogo de artifício com qualquer coisita. É assim que a escolha dos 100 grandes portugueses se tornou uma santa missão. A lista dos escolhidos é confrangedora: ilustra o vácuo do país pacientemente criado ao longo dos últimos séculos. Depois de termos corrido a pontapé os intelectuais e os capitalistas para a Holanda, de onde estes emigraram para a Grã-Bretanha que se tornaria um verdadeiro Império, ficámos um país criado a pão, vinho e a uma qualquer 4ª Classe mal tirada.
Isso exemplifica a nação de educação pobre e televisiva que é o Portugal deste início do século XXI. A lista mostra isso: os políticos escolhidos ou foram ditadores ou aprendizes disso. Ou são simplesmente incompetentes com razoável imagem televisiva e que surgem nas perguntas de cultura geral do "Um Contra Todos". Os homens e mulheres da cultura são os que aprendemos na escola obigatória. Surgem como artistas uns rapazes que aparecem no pequeno ecrã, a começar por um de uma telenovela. A música, cinema e teatro estão representados pelo mínimo denominador comum. É um país pobre, educacional e culturalmente, o que os portugueses escolheram para o representar. Mas talvez ele seja o símbolo de Portugal destes últimos três ou quatro séculos. Um imenso deserto.

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