22.11.06

O país dos pareceres

Pode não haver dinheiro para a Festa da Música. Ou para comprar equipamentos para o IPO no Porto. Ou para manter escolas e serviços de urgência no país, mas Portugal tem os bolsos cheios para esbanjar em esmolas destinadas aos mais afortunados.
Segundo parece, o OGE de 2007 tem 95 milhões de euros destinados a pagar fundamentais pareceres e estudos que, como se viu o caso do que analisou os fogos florestais deste ano, normalmente se destinam a dizer, em mais palavras, e com um aspecto gráfico mais atraente, o que já se sabia. Depois, já se antevê o que acontece. Os estudos, depois de cumprida a sua missão de serem divulgados com pompa no telejornal das oito da noite, vão parar à gaveta do esquecimento.
Faz lembrar o célebre relatório Porter. Nele gastou-se uma tonelada de dinheiro. Estudou-se o tecido económico do país e apontaram-se as vias para o futuro de Portugal. Resultado: uma década de anos depois continua a discutir-se a mesma coisa, com mais uns estudos feitos por um grupo de consultores que têm a fórmula mágica de transformar a arte do desenrasca em tecnologia de sucesso. Na Nova Zelândia sabe-se o que aconteceu. Porter disse: vocês têm mar. Dediquem-se às actividades que têm a ver com ele. Resultado: hoje a Nova Zelândia é o fornecedor dos barcos tecnologicamente mais avançados do mundo.

1 comentário:

Vìtor Matos disse...

Grande Fernando,
Ainda bem que estás de volta! A ideia de fazeres um blogue do pulo é excelente. Vai postando que a malta vai lendo. Um grande abraço!