21.11.06

Memórias do som ausente


Nestes dias de Inverno, propícios a recordar o passado, tenho encontrado a versão em CD de muitos discos que foram a minha banda sonora na década de 80. Quando pequenas editoras apostavam na diferença e no risco e numa altura em que as rádios não estavam submetidas à ditadura das “play-lists”. Era uma época, cheia de ideais inocentes, em que as multinacionais não apostavam apenas em valores que vendiam milhões, fruto do “marketing”, da publicidade e da ligação ao que a televisão impõe como denominador comum do gosto. Lembro-me de editoras como a Les Disques du Crepuscule, a Cherry Red, a “velha” Virgin, a Rough Trade ou a Factory. De onde saíram oásis de beleza como a Joy Division, os New Order, os Smiths, os Young Marble Giants, Anna Domino, Durutti Column ou Pale Fountains. Beleza. As minhas tardes passam-se a escutar estes discos e também um, agora recuperado da obscuridade: “La Varieté” dos Weekend, o grupo de Alison Statton (a bela voz dos YMG), Spike e Simon Booth (que viria a criar os Working Week). Há aqui de tudo um pouco: influências da Bossa Nova, do jazz à canção popular francesa. É um disco grande. E sabe a pouco. Adoraria que tivessem feito mais canções, para aconchegarem tardes de nostalgia como estas.

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