Há cinco anos a excelente revista da Tate dedicou um número aos mitos urbanos. Num dos textos escrevia-se mesmo: “a cidade contemporânea é o campo de batalha da Guerra das Marcas” E, entre a pressão empresarial e a arquitectónica, a primeira definia cada vez mais as grandes urbes. Por isso os grandes centros urbanos estão a modificar-se. As “cidades virtuais” são cada vez mais importantes. E ninguém parece perceber isso. Tudo isto vem a propósito do debate insípido sobre a localização das chamadas “salas de chuto” de Lisboa.
Cada galinha acha que o ovo da serpente deve ser colocado num aviário diferente. É isso que faz com que esse neurónio bem pensante chamado Manuel Maria Carrilho venha dizer que elas ficavam bem em zonas onde não haja zonas residenciais consolidadas e existam muitos consumidores de “produto”. O exemplo que deu foi o do Intendente. Carrilho, claro, nunca deve ter reparado que, contra a sua tese modernaça, o Intendente fica no centro dos dois mundos de que se faz a sociedade urbana actual: a renovação da zona residencial dos Anjos (das mais belas de Lisboa) e o comércio étnico que foge aos grandes centros de consumo, o Martim Moniz.
Carrilho não entende que ali se está a consolidar o mundo da nova Lisboa, que foge aos condomínios onde alguns se refugiam do mundo real. As “salas de chuto” podem ficar num qualquer local. Mas não com argumentos inócuos como os que fazem Carrilho o filósofo da idade do vazio.
2.12.06
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4 comentários:
Só hoje descobri o seu blogue, eu que o venho lendo no Jornal de Negócios. A propoósito: para quando o regresso?
Obrigado, António. Às páginas do JN voltarei, se tudo correr bem, no início do próximo ano.
Ó meu, essa do condomínio que foge dop mundo real era para mim?!
Ouve lá, oh meu grande cromo, estás a armar-te em Fernando Correia? Estás a fazer deste blog a Bancada Central, a trocar impressões com os seus leitores...
como é que anda o meu grande cromo?
Tenho uma malga de marmelada à tua espera... e olha que já foi gabada...
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