A FRASE
Um dia, estaremos sentados em Nova Iorque e o cirurgião estará a fazer a cirurgia (em nós) a partir da costa oeste.
Bill Weldon, director executivo da Johnson & Johnson, Financial Times, 14 de Janeiro
Peggy Sue e o Estado Europeu
Peggy Sue é uma vaquinha americana. Tem uma diferença das outras. É clonada. É a Dolly das vaquinhas. A Food and Drug Administration americana acha que a carninha das vacas clonadas é óptima. Os europeus desconfiam, apesar das certezas dadas. A Europa comunitária vive um momento de realinhamento ideológico, onde os modelos económicos alemães e a perspectiva da economia de mercado comandada pelo Estado, de Sarkozy, parecem estar a triunfar. Isso tem a ver, também, com o regresso da ideologia do “capitalismo de Estado” (que, de uma forma desastrada, Sócrates está a tentar implementar em Portugal – afinal na China o Estado também controla os Bancos…). As regulações da “segurança” dos produtos e das actividades pessoais mostra como esse conceito está de volta através não da “terceira via”, mas de pessoas aparentemente tão estranhas ideologicamente como Sarkozy. É um tema extremamente aliciante.
Sarkozy e a paixão europeia
No seu álbum “Quelqu’un m’a dit”, Carla Bruni canta: “Il faudrait que tout le monde réclame,/Auprés des autorités,/Une loi contre toute notre indifférence,/Que personne ne soit oublié ». A França, e claro, Carla e Sarkozy vivem momentos de paixão. Mas há a componente política do novo idílio gaulês. A França vai presidir à União Europeia a partir de Julho e, por certo, vai tentar fazer vingar a sua concepção do que deve ser a nova Europa. Sarkozy descobriu o novo amor e também descobriu a África, e é por isso que cada vez mais fala de uma União Mediterrânica, juntando a UE aos países do norte de África. Em Portugal, claro, nenhum político discute o tema mas Ângela Merkel não morre de amores pela questão, assim como não está muito virada para a ideia de Sarkozy de limitar a independência do Banco Central Europeu. Mas um novo centro europeu está a ser construído. E Portugal não o discute.
A Posição
Sócrates continua impávido e sereno. Quando se começava a falar da razão porque não havia um referendo por causa do chamado Tratado de Lisboa, a atenção virou-se para outro lado, porque o Governo decidiu aterrar em Alcochete. Quando este tema começou a chamuscar, as atenções foram viradas para o BCP. É o que se chama gerir a informação e jogar com a oposição com a célebre política da cenoura e da marreta. A oposição segue a cenoura, leva com a marreta e Sócrates prepara calmamente a reeleição.
A Oposição
O PSD opõe-se ao Governo da mesma forma que Homer Simpson compra vinho: compra o segundo menos caro da lista. Não cria factos políticos, vai atrás dos saldos do Governo. Menezes parece um Zeppelin a perder altura e já só se começa a preocupar com a oposição interna. A sua célebre oposição começou com apoios ao Governo (sobre o referendo) e com dislates (pedir alguém do PSD para a CGD). A aliança de Menezes com Santana Lopes não é, para Sócrates, o “eixo do mal”: é o “eixo do medo”.
A justiça ecológica
Um dos mais deliciosos livros que li nos últimos meses foi “Dos Delitos e das Penas”, de Cesare Beccaria, escrito em 1776. É uma obra que discute o âmago do Direito Penal e as mais vastas relações do Estado com os cidadãos. No admirável texto que nos ofereceu, e que em muitas coisas continua a ser actual, escreveu por exemplo: “Que espécie de governo é aquele onde quem reina suspeita em todo o seu súbdito um inimigo e é constrangido, em nome da tranquilidade pública, a retirar a tranquilidade a cada um”? Não deixo de pensar nesta singela frase quando penso na decisão do STA que permite a co-incineração na Arrábida (um valor ecológico único na Península Ibérica) e se ignora em termos de qualidade de vida do país esta questão e, pelo contrário, o que causa dor de cabeça a muitos “ecologistas” de pacotilha é o estudo de impacte ambiental de Alcochete. Isto para já não falar do estado cerceador das liberdades individuais que está a ser criado em nome da saúde e do politicamente correcto aos olhos de Bruxelas e de São Bento.
Europa unida?
Uma das mais interessantes revistas da actualidade, a “Prospect” inclui no último número um interessante texto sobre a nova geração de irlandeses, que enriqueceu depois da entrada na UE. Lembram-se daquele país que era mais pobre do que Portugal e que, entretanto, cresceu, cresceu, cresceu? No número de Janeiro é de ler a coluna “Brussels Diary”, sobre a campanha para a presidência da UE. O lugar para o qual Blair se queria candidatar. Mas ele estava ao lado de Bush, de Aznar e de Durão Barroso. Corrosivas as palavras citadas de um deputado europeu: “Aznar já se foi, Bush está a ir e não podemos ter os outros dois a governar a Europa”.
Chloé feliz
Morrissey, um dia, cantou: “Hang the DJ”. Estava equivocado. Porque os DJs tornaram-se o centro nevrálgico dos novos universos da música. Chloé é um exemplo perfeito disso. Escute-se o seu novo disco, “The Waiting Room”. A DJ francesa junta nele a house e música folk e todo o ambiente fica imerso numa constelação de constelações sonoros capazes de nos tornarem felizes. Talvez felicidade seja o tema certo para o que sentimentos depois de escutar os sons que nos oferece.
Olhá sardinha viva!
Foi uma surpresa. Deliciei-me, há dias, com uma lata de conserva com cravinho. De uma marca que desconhecia, La Gôndola, de Matosinhos. Trata-se de um produto que existe noutras variantes, por exemplo sardinhas em azeite biológico ou com limão, e que são feitas com base numa campanha, sendo a produção apenas assegurada entre Junho e Novembro. As que agora chegaram às lojas Gourmet são da campanha de 2007. E são deliciosas.
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Um dia, estaremos sentados em Nova Iorque e o cirurgião estará a fazer a cirurgia (em nós) a partir da costa oeste.
Bill Weldon, director executivo da Johnson & Johnson, Financial Times, 14 de Janeiro
Peggy Sue e o Estado Europeu
Peggy Sue é uma vaquinha americana. Tem uma diferença das outras. É clonada. É a Dolly das vaquinhas. A Food and Drug Administration americana acha que a carninha das vacas clonadas é óptima. Os europeus desconfiam, apesar das certezas dadas. A Europa comunitária vive um momento de realinhamento ideológico, onde os modelos económicos alemães e a perspectiva da economia de mercado comandada pelo Estado, de Sarkozy, parecem estar a triunfar. Isso tem a ver, também, com o regresso da ideologia do “capitalismo de Estado” (que, de uma forma desastrada, Sócrates está a tentar implementar em Portugal – afinal na China o Estado também controla os Bancos…). As regulações da “segurança” dos produtos e das actividades pessoais mostra como esse conceito está de volta através não da “terceira via”, mas de pessoas aparentemente tão estranhas ideologicamente como Sarkozy. É um tema extremamente aliciante.
Sarkozy e a paixão europeia
No seu álbum “Quelqu’un m’a dit”, Carla Bruni canta: “Il faudrait que tout le monde réclame,/Auprés des autorités,/Une loi contre toute notre indifférence,/Que personne ne soit oublié ». A França, e claro, Carla e Sarkozy vivem momentos de paixão. Mas há a componente política do novo idílio gaulês. A França vai presidir à União Europeia a partir de Julho e, por certo, vai tentar fazer vingar a sua concepção do que deve ser a nova Europa. Sarkozy descobriu o novo amor e também descobriu a África, e é por isso que cada vez mais fala de uma União Mediterrânica, juntando a UE aos países do norte de África. Em Portugal, claro, nenhum político discute o tema mas Ângela Merkel não morre de amores pela questão, assim como não está muito virada para a ideia de Sarkozy de limitar a independência do Banco Central Europeu. Mas um novo centro europeu está a ser construído. E Portugal não o discute.
A Posição
Sócrates continua impávido e sereno. Quando se começava a falar da razão porque não havia um referendo por causa do chamado Tratado de Lisboa, a atenção virou-se para outro lado, porque o Governo decidiu aterrar em Alcochete. Quando este tema começou a chamuscar, as atenções foram viradas para o BCP. É o que se chama gerir a informação e jogar com a oposição com a célebre política da cenoura e da marreta. A oposição segue a cenoura, leva com a marreta e Sócrates prepara calmamente a reeleição.
A Oposição
O PSD opõe-se ao Governo da mesma forma que Homer Simpson compra vinho: compra o segundo menos caro da lista. Não cria factos políticos, vai atrás dos saldos do Governo. Menezes parece um Zeppelin a perder altura e já só se começa a preocupar com a oposição interna. A sua célebre oposição começou com apoios ao Governo (sobre o referendo) e com dislates (pedir alguém do PSD para a CGD). A aliança de Menezes com Santana Lopes não é, para Sócrates, o “eixo do mal”: é o “eixo do medo”.
A justiça ecológica
Um dos mais deliciosos livros que li nos últimos meses foi “Dos Delitos e das Penas”, de Cesare Beccaria, escrito em 1776. É uma obra que discute o âmago do Direito Penal e as mais vastas relações do Estado com os cidadãos. No admirável texto que nos ofereceu, e que em muitas coisas continua a ser actual, escreveu por exemplo: “Que espécie de governo é aquele onde quem reina suspeita em todo o seu súbdito um inimigo e é constrangido, em nome da tranquilidade pública, a retirar a tranquilidade a cada um”? Não deixo de pensar nesta singela frase quando penso na decisão do STA que permite a co-incineração na Arrábida (um valor ecológico único na Península Ibérica) e se ignora em termos de qualidade de vida do país esta questão e, pelo contrário, o que causa dor de cabeça a muitos “ecologistas” de pacotilha é o estudo de impacte ambiental de Alcochete. Isto para já não falar do estado cerceador das liberdades individuais que está a ser criado em nome da saúde e do politicamente correcto aos olhos de Bruxelas e de São Bento.
Europa unida?
Uma das mais interessantes revistas da actualidade, a “Prospect” inclui no último número um interessante texto sobre a nova geração de irlandeses, que enriqueceu depois da entrada na UE. Lembram-se daquele país que era mais pobre do que Portugal e que, entretanto, cresceu, cresceu, cresceu? No número de Janeiro é de ler a coluna “Brussels Diary”, sobre a campanha para a presidência da UE. O lugar para o qual Blair se queria candidatar. Mas ele estava ao lado de Bush, de Aznar e de Durão Barroso. Corrosivas as palavras citadas de um deputado europeu: “Aznar já se foi, Bush está a ir e não podemos ter os outros dois a governar a Europa”.
Chloé feliz
Morrissey, um dia, cantou: “Hang the DJ”. Estava equivocado. Porque os DJs tornaram-se o centro nevrálgico dos novos universos da música. Chloé é um exemplo perfeito disso. Escute-se o seu novo disco, “The Waiting Room”. A DJ francesa junta nele a house e música folk e todo o ambiente fica imerso numa constelação de constelações sonoros capazes de nos tornarem felizes. Talvez felicidade seja o tema certo para o que sentimentos depois de escutar os sons que nos oferece.
Olhá sardinha viva!
Foi uma surpresa. Deliciei-me, há dias, com uma lata de conserva com cravinho. De uma marca que desconhecia, La Gôndola, de Matosinhos. Trata-se de um produto que existe noutras variantes, por exemplo sardinhas em azeite biológico ou com limão, e que são feitas com base numa campanha, sendo a produção apenas assegurada entre Junho e Novembro. As que agora chegaram às lojas Gourmet são da campanha de 2007. E são deliciosas.
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4 comentários:
podias partilhar as sardinhas connosco. ganda fernando
... e já agora. será que o santos ferreira tenciona passar ao lado dos fundos de pensões do bcp? dá um jeitão a sócrates!!
«What's the point of free speech if you have nothing to say? Let's face it, most people haven't anything to say, and they know it.» J.G. BALLARD
Vamos lá ser mais precisos: La Gondola, em Perafita, fronteira com Leça da Palmeira.
Recomendo o polvo de caldeirada.
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