A FRASE
“Prefiro pensar que um dia a vida será mais justa, que os homens não se olharão a procurar defeitos uns nos outros. Que haverá sempre a ideia de que em todos há um lado bom. Nesse dia, será com prazer que um procurará ajudar o outro”
Oscar Niemeyer, na Folha de S. Paulo
A “comeback kid”
A democracia americana é uma espécie de filme de Disney rodado entre Hollywood e a “última fronteira” do oeste. Um conto de fadas cheio de mistérios e armadilhas. Veja-se o que se está a passar nas primárias. Quando Barack Obama ganhou no Iowa relegando a senhora Clinton para um humilhante terceiro lugar, julgou-se que uma nova página se estava a virar na história presidencial dos EUA. Errado. Jay Leno, no seu programa, definia com humor este estranho mundo eleitoral: “como sabem ‘caucus’ é uma palavra grega que significa ‘o único dia em que alguém dá atenção ao Iowa’”. O exagero é notório, mas como Bill Clinton renasceu em 1992 no Iowa, com um segundo lugar, após ter sido pressionado pelo “caso Jennifer Flowers” e ganhou por isso o epíteto de “comeback kid”, Hillary parece querer seguir os passos do marido. Numa eleição onde o tema é “mudança” (e os EUA vivem assustados com o fantasma da recessão), Obama tem falado dos temas que ferem a América (o aquecimento global, Guantánamo, a relação dos EUA com entidades como a ONU), e Hillary tornou-se mais emocional. Hillary não é uma “fashion victim”: usa calças e há estlistas que dizem que ela, como outrora Margaret Thatcher, veste roupas para mostrar poder e não para parecer “sexy”. Seja como for, no campo democrático, não são apenas as ideias e o dinheiro que fazem ganhar as primárias. São os votos. E, recorde-se, para se ser o candidato presidencial precisa-se de 2025 votos na convenção de Agosto. Mas aos grandes eleitores das primárias juntam-se os chamados “super-delegados”, que são 796 da estrutura do Partido Democrático. E estes, segundo parece, têm poucas dúvidas: Hillary é a “comeback kid” rumo a Washington.
Elementar, meu caro Einstein!
Consta que Einstein, num dia de pouca sorte, deparou-se com uma pequena rebelião dos seus alunos. Num teste surgiram as mesmas questões do ano anterior. Os alunos protestaram, porque essas perguntam deveriam ter dado lugar a outras, novas. Einstein terá olhado calmamente para os discípulos e terá dito: “na verdade, as perguntas são as mesmas. Mas as respostas mudaram”. Sócrates, para defender (com o apoio do PSD) que tudo deveria ser decidido na paz soporífera da AR, veio dizer que este Tratado de Lisboa era diferente do anterior e que, por isso, o PS não estava preso à sua posição eleitoral. Chama-se a isso deitar areia para os olhos dos cidadãos: compreende-se que a classe política europeia tenha receio de que haja um “não” popular e que o Tratado acabe com o “sonho”. Mas seja corajosa e diga-o. E Sócrates deveria ter tido essa coragem e não tentar fazer de David Copperfield dos pobrezinhos de espírito. Clama-se, por fim, que Cavaco Silva pressionou para que o PS tomasse esta decisão. Há uma “nuance” substancial: o PR mostrou claramente uma posição política (deve ser aprovada no Parlamento para que não haja o risco da Europa unida se estilhaçar) e Sócrates fez de mágico amador.
Pimenta na língua!
O senhor secretário de Estado da Segurança Social deu uma notável aula de como leu mal o conceito leninista de “um passo à frente e dois à retaguarda”. Ou então, só leu os “sound bytes”. Disse e, depois, desdisse. Num país civilizado não tinha colocado o lugar à disposição: tinha sido removido do Governo por quem de direito. Argumentar, como fez, que “não seria aceitável que os pensionistas recebessem um valor de pensão qualquer em Janeiro e no mês seguinte o valor do seu recibo de pensão era menor, diminuía”, é de bradar aos céus. Estávamos a falar, em média, de 68 cêntimos por mês. Um preço de uma bica! A dúvida é só uma: ou o senhor secretário não sabia o que estava a dizer ou não disse o que sabia.
“Prefiro pensar que um dia a vida será mais justa, que os homens não se olharão a procurar defeitos uns nos outros. Que haverá sempre a ideia de que em todos há um lado bom. Nesse dia, será com prazer que um procurará ajudar o outro”
Oscar Niemeyer, na Folha de S. Paulo
A “comeback kid”
A democracia americana é uma espécie de filme de Disney rodado entre Hollywood e a “última fronteira” do oeste. Um conto de fadas cheio de mistérios e armadilhas. Veja-se o que se está a passar nas primárias. Quando Barack Obama ganhou no Iowa relegando a senhora Clinton para um humilhante terceiro lugar, julgou-se que uma nova página se estava a virar na história presidencial dos EUA. Errado. Jay Leno, no seu programa, definia com humor este estranho mundo eleitoral: “como sabem ‘caucus’ é uma palavra grega que significa ‘o único dia em que alguém dá atenção ao Iowa’”. O exagero é notório, mas como Bill Clinton renasceu em 1992 no Iowa, com um segundo lugar, após ter sido pressionado pelo “caso Jennifer Flowers” e ganhou por isso o epíteto de “comeback kid”, Hillary parece querer seguir os passos do marido. Numa eleição onde o tema é “mudança” (e os EUA vivem assustados com o fantasma da recessão), Obama tem falado dos temas que ferem a América (o aquecimento global, Guantánamo, a relação dos EUA com entidades como a ONU), e Hillary tornou-se mais emocional. Hillary não é uma “fashion victim”: usa calças e há estlistas que dizem que ela, como outrora Margaret Thatcher, veste roupas para mostrar poder e não para parecer “sexy”. Seja como for, no campo democrático, não são apenas as ideias e o dinheiro que fazem ganhar as primárias. São os votos. E, recorde-se, para se ser o candidato presidencial precisa-se de 2025 votos na convenção de Agosto. Mas aos grandes eleitores das primárias juntam-se os chamados “super-delegados”, que são 796 da estrutura do Partido Democrático. E estes, segundo parece, têm poucas dúvidas: Hillary é a “comeback kid” rumo a Washington.
Elementar, meu caro Einstein!
Consta que Einstein, num dia de pouca sorte, deparou-se com uma pequena rebelião dos seus alunos. Num teste surgiram as mesmas questões do ano anterior. Os alunos protestaram, porque essas perguntam deveriam ter dado lugar a outras, novas. Einstein terá olhado calmamente para os discípulos e terá dito: “na verdade, as perguntas são as mesmas. Mas as respostas mudaram”. Sócrates, para defender (com o apoio do PSD) que tudo deveria ser decidido na paz soporífera da AR, veio dizer que este Tratado de Lisboa era diferente do anterior e que, por isso, o PS não estava preso à sua posição eleitoral. Chama-se a isso deitar areia para os olhos dos cidadãos: compreende-se que a classe política europeia tenha receio de que haja um “não” popular e que o Tratado acabe com o “sonho”. Mas seja corajosa e diga-o. E Sócrates deveria ter tido essa coragem e não tentar fazer de David Copperfield dos pobrezinhos de espírito. Clama-se, por fim, que Cavaco Silva pressionou para que o PS tomasse esta decisão. Há uma “nuance” substancial: o PR mostrou claramente uma posição política (deve ser aprovada no Parlamento para que não haja o risco da Europa unida se estilhaçar) e Sócrates fez de mágico amador.
Pimenta na língua!
O senhor secretário de Estado da Segurança Social deu uma notável aula de como leu mal o conceito leninista de “um passo à frente e dois à retaguarda”. Ou então, só leu os “sound bytes”. Disse e, depois, desdisse. Num país civilizado não tinha colocado o lugar à disposição: tinha sido removido do Governo por quem de direito. Argumentar, como fez, que “não seria aceitável que os pensionistas recebessem um valor de pensão qualquer em Janeiro e no mês seguinte o valor do seu recibo de pensão era menor, diminuía”, é de bradar aos céus. Estávamos a falar, em média, de 68 cêntimos por mês. Um preço de uma bica! A dúvida é só uma: ou o senhor secretário não sabia o que estava a dizer ou não disse o que sabia.
Banda sonora deliciosa
É a minha mais recente descoberta para animar as tardes chuvosas: os americanos Clare and the Reasons, com o álbum “The Movie”, estão a trazer de volta a beleza sonora da música sem tempo: baladas cheias de espírito pop e jazz. Com uma imagen da época de ouro da Paris boémia e da América pós-recessão dos anos 30. Simplesmente brilhante.
Farewell Hotel Lisboa
Macau já desapareceu dos nossos sentimentos. É por isso que não deixo de recordar um hotel/casino onde, um dia, fui beber uma Super Bock porque nas “casas de pasto” próximos, como a que se chamava “Carne Assada” só se falava cantonense e se bebia cerveja San Miguel. A sociedade de Stanley Ho anunciou que vai construir um novo hotel/casino no terreno do velho Hotel Lisboa, que abriu as portas em 1970 e era um sinal de uma época que já desapareceu. Mas mudam-se os tempos e as vontades e entretanto chegaram os americanos com os seus casinos e, em Dezembro de 2007, as receitas dos 18 casinos de Stanley Ho ficaram em segundo lugar, após a do Las Vegas Sands. No total o jogo em Macau, durante 2007, gerou uma receita de 7290 milhões de euros. É o fim de uma era…que parecia saída de um filme de Zhang Yimou com Gong Li.
Atenção à Casa Gourmet
É uma proposta muito simpática para quem gosta de produtos “gourmet” e de dar prendas personalizadas onde podem caber chás (como da Mariage Frères ou da portuguesa Gorreana), chocolates (belgas, da Neuhaus), vinhos portugueses e estrangeiros, queijos, azeite, compotas e tantas outras coisas boas. Fica em Guimarães (telefone: 962063159 ou 253516841). Um enorme prazer.
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